Gagueira é um termo popular e é também a denominação científica desta alteração na fluência da fala. Em geral quando os estudiosos utilizam o termo gagueira isoladamente estão se referindo à gagueira do desenvolvimento, ou seja, à gagueira mais comum entre as alterações da fluência.
Ela surge por volta de dois ou três anos de idade, na época em que as crianças estão ainda em aquisição de linguagem, começando a estruturar frases maiores e mais complexas. No entanto, sabemos que em alguns indivíduos a gagueira do desenvolvimento pode ter início um pouco mais tarde, seja por volta de seis ou sete anos ou mesmo, embora mais raramente, na adolescência.
As alterações básicas da gagueira são as repetições de sílabas, os prolongamentos de sons e os chamados bloqueios: interrupções mais ou menos marcadas na fala, que são percebidas como uma impossibilidade momentânea de emitir qualquer som.
Além dessas rupturas, temos com frequência os movimentos associados, como mover braços, tremor de lábios, bater o pé no chão, piscar os olhos...
A intensidade da gagueira pode variar muito. Temos desde gagueiras muito leves até gagueiras severas e, além disso, é preciso levar em consideração como a pessoa percebe sua fala. Alguém com uma gagueira extremamente leve pode valorizar imensamente suas rupturas de fala e considerar-se inapto para qualquer exposição verbal. Por outro lado, alguém com uma gagueira severa, pode conviver muito bem com isso e não desejar buscar modificações em sua maneira de falar.
O aspecto subjetivo da gagueira varia muito de indivíduo para indivíduo: emoções negativas, preocupações, antecipações de situação de fala, evitação de fala, vergonha e auto-conceito rebaixado podem estar ou não presentes, de modo mais ou menos intenso.
Por isso, muitas vezes os comentários sobre a gagueira são tão desencontrados. Alguns portadores afirmam que se trata de um problema incapacitante, outros dizem que é algo insuportável e encontramos quem sequer pareça se preocupar com a questão: depende da intensidade, dos comportamentos associados e da maneira como a pessoa vivencia as rupturas em sua fala.
A gagueira infantil é a que melhor responde à terapia fonoaudiológica. Isso se deve tanto à flexibilidade dessa faixa etária, como ao curto espaço de tempo de experiência com a fala disfluente, ou seja, esse mecanismo de fala ainda não se fixou, não ocorreram muitas situações de rejeição social por causa da fala truncada e os aspectos subjetivos citados anteriormente não se desenvolveram.
Temos encontrado em muitas crianças alterações de fala ou de linguagem que favorecem a instalação de gagueira. Trabalhando as dificuldades encontradas, os resultados se fazem sentir na fluência.
A gagueira do adolescente e do adulto, mesmo não tendo uma resposta tão benigna como a gagueira infantil, também costuma ser muito amenizada pela intervenção fonoterapêutica. Em alguns casos, apesar de manter as rupturas na fluência, as pessoas aprendem a conviver de uma maneira mais adequada com suas características; outras respondem melhor e encontram sua capacidade de fala distensa.
Veja informações específicas para os diferentes grupos etários em: gagueira infantil, gagueira adolescente e gagueira adulto.
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